domingo, 16 de janeiro de 2011

Hikikomoris e Otakus

Hikikomori, ao pé da letra, significa algo como "isolado, confinado" e é um termo utilizado para designar as pessoas que, como o nome já diz, isolam-se do convívio social, às vezes de forma extrema.

O objetivo deste texto não é criticar aqueles que, por qualquer razão ou problema, preferem o isolamento, visto que muitas vezes a causa disso são condições psicológicas ou sociais além do controle do indivíduo. Este post visa somente esclarecer a diferença entre hikikomoris e otakus, que frequentemente são considerados a mesma coisa(apesar de que a nomenclatura "hikikomori" é raramente usada no Brasil, sendo geralmente substituída por outras que a valham. De qualquer maneira, o importante não é o nome, mas o conceito).

Essa aproximação ocorre provavelmente devido ao fato que hikikomoris são comumente associados a animes e games, por serem atividades quase sempre solitárias, feitas dentro de casa e de grande popularidade entre jovens. Dessa forma, alguém que tenha um gosto acima da média por esses tipos de mídia e passe tempo considerável dedicando-se a elas, como os otakus, pode acabar isolando-se do mundo exterior por algum tempo, e é aí que a relação estabelece-se.

A partir dessa análise, pode-se afirmar que otakus e hikikomoris são iguais, porém, ignora-se o fato de que otakus não necessariamente tem qualquer problema em estabelecer relações sociais, podendo realizar atividades diversas em ambientes diferentes sem problema, enquanto hikikomoris tem dependência do isolamento, ou neste caso, das atividades que praticam.

Podemos considerar que enquanto os otakus escolhem o isolamento, os hikikomoris não podem abster-se dele. De qualquer forma, caso o amor de um otaku pelos animes, games ou mangás se transforme em uma dependência severa, ele poderá sim se tornar um hikikomori. Por outro lado, enquanto não houver vício, no sentido pleno da palavra, não há motivos para considerar os otakus como sendo excluídos, isolados, antropofóbicos ou misantropos, pois é perfeitamente possível conciliar um hobby com uma vida social normal.

[Hikikomoris são o tema principal do light novel, anime e mangá "NHK Ni Youkoso", ou "Bem-vindo a NHK", uma excelente obra de comédia dramática]

domingo, 19 de dezembro de 2010

Censura?

Hoje falarei sobre esse projeto de lei, recentemente aprovado pela Assembleia de Tokyo, que supotamente é uma medida de censura contra os animes e mangás.

Acredito que a maioria já tenha lido sobre isso, visto que o assunto se tornou bastante famoso em fóruns sobre animes, otakus etc.

Pois bem, acalmem-se! O estardalhaço provocado pelas centenas de mensagens sensacionalistas postadas por aí não se justifica. Só o que será, de fato, afetado serão mangás ecchi e hentai, visto que a lei visa principalmente combater a pedofilia nos mangás e animes, ou seja, obras sem insinuações sexuais envolvendo menores de idade podem considerar-se seguras. Se você gosta de Gantz, One Piece, Golgo 13 etc, pode parar de se preocupar, o problema é se você gostar de Nana to Kaoru e B-gata H-kei, por exemplo...

Porém, ainda há esperança para vocês, pervertidos, visto que a lei já está sendo criticada pelas editoras, estúdios e mesmo pelo primeiro ministro japonês, e não deve tardar para que a mesma seja revista ou mesmo revogada, então relaxem, o Japão não é a China, censura não pega bem em países democráticos. Não que impedir caras de 40 anos de verem representações de crianças fazendo sexo com cavalos seja REALMENTE censura, mas...

De fato, o impacto dessa lei nem se compara ao do chamado Comics Code Authority(CCA), um projeto implantado nos Estados Unidos nos anos 50 para regulamentar o conteúdo das histórias em quadrinhos. Entre suas determinações, encontrava-se:

- Nenhuma revista em quadrinhos poderia usar as palavras "terror" ou "horror" em seu título;
- De forma alguma criminosos deveriam ser retradados de forma a fazer o leitor sentir simpatia por eles;
- Zumbis, vampiros, tortura, canibalismo e lobisomens eram proibidos;
- O herói sempre deveria derrotar o vilão, que então deveria ser punido pelos seus atos;
- Relações amorosas ou sexuais fora do padrão social não deveriam ser retratadas.

O resultado disso foram anos de HQs toscas com heróis sem profundidade fazendo nada mais do que dar porrada em vilões também sem profundidade. Não havia a menor possibilidade de se criar um bom roteiro ou personagens interessantes, a época da CCA foi uma Idade das Trevas(ou, mais precisamente, de ausência das mesmas) para os comics. Tudo o que a lei no Japão fará será tirar os peitinhos adolescentes de circulação, nada mais.

Nesse contexto da CCA, surgiram os quadrinhos "underground", distribuídos de forma não-oficial. Isso foi nos anos 60, hoje já temos internet e podemos distribuir esse tipo de material "subversivo" de forma muito mais fácil e rápida, então com o que estão se preocupando? Se nos anos 60 isso era possível, por que hoje não seria? Mesmo que essa lei proibisse tudo o que os sensacionalistas dizem que vai proibir, nós ainda teríamos acesso a muitas obras de artistas independentes.

Ao longo dos anos, a CCA foi revisada inúmeras vezes e hoje já temos acesso novamente a quadrinhos bastante violentos e com personagens de caráter duvidoso em situações em que não há certo e errado definidos. A indústria de HQs sobreviveu e continua forte e praticamente igual ao que era antes. A lei para regulamentar a indústria de mangás e animes está inserida em um contexto muito menos radical do que a CCA estava, e propõe medidas muito menos significativas, portanto, ela não vai ser de grande prejuízo para os estúdios.

Enfim, entre protestos e críticas, essa lei não deve durar muito, e mesmo que dure, seu impacto será tão ridiculamente insignificante que ela passará praticamente despercebida pela maioria das pessoas, e aos apreciadores de lolicon e derivados sempre restarão os doujinshis e projetos independentes distribuídos na Internet.

Mais uma vez, não há nada com o que se preocupar, esse assunto todo foi, como diria Shakespeare, muito barulho por nada.

[Adendo: Este blog não apoia, de maneira alguma, obras com conteúdo sexual envolvendo menores de idade. Este post foi produzido para refletir apenas os fatos a respeito dessa lei, e não a opinião do autor sobre a mesma.]

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Fanatismo

Como em qualquer outro grupo, entre os otakus existem aqueles digníssimos cidadãos que se entregam completamente a uma obra em específico e a idolatram como se fosse um presente de Jesus, Odin, Alá e Lemmy Kilmister unidos para seus servos fiéis, e que nunca deve ser comparado ou trocado por nenhuma outra obra. Essas criaturas existem para quase toda obra grande e famosa que dê as caras, podendo-se citar como exemplo notável os famosos narutards.

Aí vocês podem perguntar "Mas o que tem de errado em manifestar seu amor por alguma obra?", e a resposta é: NADA. Não há nada de errado em gostar muito de alguma coisa, o problema é quando isso fecha sua mente para OUTRAS coisas e te deixa cego. Esses fanáticos sobre os quais falo não se caracterizam somente por adorar determinada obra, mas sim pelo seu péssimo hábito de achar que o alvo de sua adoração é simplesmente o melhor anime já feito em todos os sentidos, sem sombra de dúvidas. Isso ainda assim seria suportável, se eles não fizessem questão de manifestar essa opinião para qualquer um que possa se torna uma presa para sua escrotidão.

De fato, não há muita diferença entre um fanático por um certo anime e aquela sua tia religiosa chata que passa os encontros em família citando todos os motivos pelos quais você devia jogar seus mangás num bueiro e aceitar Jesus no seu coração corrompido pelos demônios orientais. E para piorar, às vezes o fanático pelo anime 1 fala sobre como o fanático pelo anime 2 é um babaca ignorante que não respeita outras opiniões, e não percebe que faz exatamente a mesma coisa.

Esse é o verdadeiro problema, o fanatismo por qualquer coisa é uma venda, fanáticos só veem aquilo que querem ver, ignorando tudo que poderia ser influente para que percebessem a situação por uma outra perspectiva ou mesmo para perceberem o que estão fazendo. Não existe um "melhor anime do mundo" e nem há nada que possa justificar uma afirmação dessas, pois isso é totalmente relativo, então não caia na besteira de achar que você tem o poder de decidir o que é bom ou ruim universalmente, tudo o que você pode fazer é definir o que lhe é agradável ou não, se você tentar extrapolar essa definição para outras pessoas, será um fanático, por mais que não perceba.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Será o fim dos animes na TV?

Recentemente, o Animax anunciou que, em Março de 2011, removerá completamente os animes de sua programação, somando essa notícia a alguns outros acontecimentos que vem ocorrendo ao longo dos anos, pode-se afirmar que a animação japonesa na televisão brasileira está morrendo?

Alguns devem se lembrar de que, há alguns anos atrás, os animes ocupavam uma posição respeitável na televisão, sendo evidências disso os canais TV Manchete, Cartoon Network, Locomotion, o já citado Animax e até mesmo a MTV.

Atualmente, porém, a TV Manchete e o Locomotion não existem mais, o Cartoon Network cessou há um bom tempo a exibição do Toonami, a MTV não transmite mais animes e o Animax decidiu que séries ruins e reality shows idiotas são a sensação do momento. O que sobrou então? TV Globinho, TV Kids e Bom Dia e Cia. Todos voltados para crianças que muitas vezes nem ao menos sabem que os desenhos que estão vendo vieram de outro país.

Isso só reforça a posição dos grupos de fansub como a única forma dos otakus brasileiros terem acesso a animes. Quem pode culpá-los? Está na hora das emissoras de TV abrirem os olhos para o público que estão perdendo ao não manterem em suas grades esse tipo de programa. Animes famosos, em dia com as exibições originais no Japão, legendados e sem cortes certamente seriam uma ótima pedida tanto para espectadores casuais quanto para os mais "hardcore".

Além de atrair uma audiência sólida, isso significaria também um incentivo à publicação de material relacionado no mercado brasileiro. Não seria ótimo poder comprar boxes de DVDs daquele seu anime favorito? E que tal aquelas light novels que até agora nunca foram traduzidas? Soundtracks também, por que não?

Enfim, pode-se inferir que a popularidade trazida por uma exibição decente de animes na televisão brasileira seria o suficiente para acabar com boa parte dessa pirataria sem-vergonha de hoje em dia, que infelizmente é a única forma de termos acesso a nossas obras favoritas. Só falta agora uma emissora com colhões para fazer isso, já vimos que o Animax saiu com o rabo entre as pernas...

domingo, 5 de setembro de 2010

Especial: Nível Otaku

Hoje trago a vocês um post especial, um que eu não escrevi. A autoria é de minha amiga Natalia Nee-sama, que conseguiu se lembrar dessa lista que ela me apresentou há muito, muito tempo em uma conversa casual de MSN. Enfim, pensei que seria interessante postá-la aqui, visto que é relevante para o tema do blog.

A história por trás dela é um tanto quanto vaga, então deixarei em aberto.

(Lembrem-se de que, por eu não ser o autor, pode haver diferenças de estilo ou de ideologia. Não necessariamente eu concordo com tudo o que está escrito daqui para baixo.)

Nível 1: Poser
Aquele que fala que gosta de anime, mas só assiste para não ficar fora da moda, escreve os nomes errados e confunde os personagens, não sabe porra nenhuma.

Nível 2: Otaku Casual
Assiste de vez em quando, folheando os canais, não costuma acompanhar vários episódios seguidos, para ele, assistir um anime é a mesma coisa que assistir Tom e Jerry de manhã, apenas um passatempo.

Nível 3: Otaku Inicante
Acompanha os episódios, mas apenas por curiosidade e porque a história o prendeu, não por ser viciado, já começa a apresentar sinais de vício, mas ainda se controla.

Nível 4: Otaku Intermediário
Acompanha a série porque gosta dela e acha animes legais, vai a fóruns e discute um pouco, mas não mora no fórum, ainda não vai a eventos e não assiste animes que não estejam fora da mídia principal.

Nível 5: Otaku Avançado
Aquele que assiste animes fora da mídia principal, aquele que vai em eventos mas não faz coplay ainda, discute bastante sobre anime e não tem medo de mostrar que realmente gosta disso.

Nível 6: Cosplayer
Aquele que pelo menos fez um cosplay na vida e que tenha pelo menos os quesitos do Otaku Avançado.

Nível 7: Viciado
Aquele que respira animes e mangas, imita golpes às vezes, como por exemplo, tenta fazer uma magia que viu no anime, vai sempre em eventos, toda a vez com um cosplay, conhece muitos Animes Shoujo, Shounen, entre outros, e conhece o enredo e nomes dos personagens de cor. Mas ainda vive na realidade.

Nível 8: Otaku totalmente fluente em japonês
Mais alto que o nivel 7 é so se o Otaku em si aprender japonês, todos kanjis e puder se comunicar até com um Akita japonês.

Nível 9:
Se muda para o japão e começa a ter traços de insanidade, e cada vez mais fora do mundo real, começa a achar que É UM ANIME E VIVE NUM ANIME! A vida ainda importa...até ele virar o Otaku Nivel 10.

Nível 10:
Mundo Real? Para ele só existe Makai! Ele realmente acha que vive num anime, acha que os personagens são reais, e até SE CASA com um Nintendo DS! Nesse nivel, você faz coisas estranhas e nem mesmo um psicólogo pode te trazer de volta do seu NOVO MUNDO.

domingo, 15 de agosto de 2010

"Rotular-se" é o mesmo que não ter personalidade?

Uma das coisas mais comuns na Internet é encontrar gente dizendo que "se entregar a um rótulo é pura falta de personalidade" e blá, blá, blá. Neste post divagarei a respeito disso, obviamente dando enfoque aos otakus.

Em primeiro lugar, devemos estabelecer o que é um rótulo de otaku(ou de qualquer outra subcultura). Não o vejo como sendo nada mais do que uma categorização como quaisquer outras. Assim como divide-se os seres vivos em grupos distintos, divide-se também as pessoas, baseando-se em fatores diversos, organizar e dividir é algo que fazemos há milhares de anos. Como tal, não vejo motivo para dar mais respeito à religião, por exemplo, do que para o estilo de vida que uma pessoa tem. Aonde quero chegar com isso: Por que um otaku é sem personalidade e um religioso, seguindo uma doutrina rígida que o limita em quase todos os aspectos de sua vida, não o é? O mesmo é aplicável a nacionalidade, por que não? Não se diz sempre que brasileiros são malandros, ingleses são frios e acreanos não existem? Pela lógica de alguém que diz que otakus não tem personalidade, se dizer brasileiro(ou qualquer outra coisa) deveria ser o cúmulo da falta de si. E não se enganem, não se pode fugir dos rótulos, em qualquer momento de sua vida, estar-se-á encaixado em alguma categoria, sendo um estudante, por exemplo.

Enfim, o que quero dizer não é que se dizer parte de uma categoria(ou rótulo, que seja) é não ter personalidade, porque isso dá uma importância deveras exacerbada aos estereótipos. Deve-se parar pra pensar se o que define se alguém "tem personalidade ou não" são suas características pessoais e únicas ou as categorias nas quais tal pessoa se encaixa e os estereótipos que vem com elas. Se tomas por prioridade a segunda opção, parabéns, tu provavelmente és algum tipo de racista, homofóbico ou fodalhão da Internet.

Sim, categorizações são úteis e interessantes, mas não extenda a utilidade delas até o ponto em que forem sua única forma de julgamento sobre algo, isso é, como explicitei no parágrafo anterior, a essência do preconceito.

Portanto, enquanto uma pessoa somente fizer parte de um grupo e se reconhecer como tal, não vejo motivo algum para tratá-la como "sem personalidade". Não ter personalidade, para mim, é permitir que a personalidade do grupo suplante a sua própria, e não somente fazer parte desse grupo.

De certa forma, os otakus de verdade não se esforçam para serem otakus, mas sim se percebem como tal, notando que seu gosto acima da média por cultura japonesa, animes e mangás assemelha-se ao de outras pessoas. Com isso em mente, não vejo como pode haver falta de personalidade em simplesmente se rotular com algo que se encaixou a você, e não o contrário.

Pois afinal, se não fosse assim, não teríamos personalidade alguma a partir do momento em que nascemos em terras tupiniquins e fomos registrados como brasileiros, não é mesmo?

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Animes Cult (Parte 1)

Animes clássicos, inteligentes e reconhecidos como grandes obras mesmo por aqueles que "não são do ramo": Este será o primeiro post em uma série dedicada aos animes cult.

Para começar, Akira, de um de meus autores favoritos, Katsuhiro Otomo. Baseado no mangá de mesmo nome, Akira explorou diversos temas de natureza filosófica e psicológica, o que lhe rendeu uma profundidade bastante sólida e o transformou em referência para animes que propõem uma reflexão ao espectador. Como curiosidade, vale citar que o nome de uma das maiores publicações sobre animes e mangás no Brasil, a revista Neo Tokyo, adotou o nome da cidade onde a história se passa.


Mais um de Katsuhiro Otomo, o filme Memories, que é composto por 3 histórias sem ligação entre si(Magnetic Rose, Stink Bomb e Cannon Fodder). Produção competente, enredo forte, trilha sonora e dublagem bem-feitas fazem com que ele seja obrigatório para todo fã de animes. Porém, o que mais chama a atenção é o desenho em si, extremamente detalhado, um verdadeiro espetáculo visual. Enfim, Memories é um grande clássico, apesar de não ter tanta notoriedade entre os otakus brasileiros.


O próximo é Ghost in the Shell, obra máxima de Masamune Shirow. Todos os haters de anime com quem já conversei concordaram que Ghost in the Shell não é como os outros, o estilo e a inteligência intrínsecos dessa obra fizeram com que ela se tornasse uma das mais respeitadas no mundo dos animes, rendendo filmes, jogos e livros. Inclusive, os irmãos Wachowski declararam terem se inspirado em Ghost in the Shell ao criarem o universo do Matrix e Steven Spielberg anunciou que assumirá a direção na produção de um live-action da obra.


Em sequência temos Now and Then, Here and There, de Akitaro Daichi. Devo dizer que essa obra me surpreendeu, eu jamais imaginei que um anime que tivesse como protagonista uma criança impulsiva que simplesmente é transportada sem explicação alguma pra outra realidade pudesse me apresentar uma história tão fantástica e profunda. Explorando temas como guerra, estupro e tortura, esse anime se destaca por ser sutil e ao mesmo tempo firme na apresentação desses tópicos, e ainda por cima usando crianças para fazê-lo! Now and Then, Here and There merece sua posição aqui por ser uma obra que se mostra capaz de exibir as piores facetas da natureza humana sem ser especialmente violento ou agressivo, principalmente levando em consideração quem são os protagonistas.